Roger Waters
Uma breve história sobre a humanidade

Uma breve história sobre a humanidade

Crônica sobre o show da “Farewell Tour” de Roger Waters

Por: A. L.

A melhor definição do que foi presenciado na noite de sábado (11/11/23) em São Paulo é resumida em uma palavra: espetáculo! A música de alta qualidade executada por Roger Waters e seu grupo foi amplamente complementada pelos recursos audiovisuais usados ao longo de toda a apresentação. O rock progressivo tem como linha mestra o preciosismo musical, ao qual também foram empregadas com esmero projeções, animações, fogos e a ilustre presença aérea de Algie e sua parceria animalesca com uma ovelha. Afinal, somos todos animais à espera do “corte final”, como bem delineado na temática antiguerra que era clara em “Two Suns in the Sunset”. Gostaria que esse show se tornasse anacrônico, pois isso significaria uma evolução da humanidade de forma coletiva. Infelizmente, permanece atual como sempre…

O show começou meio morno. Mesmo tendo entrado com “Confortably Numb”, um clássico floydiano, a sessão final da canção se tornou uma antítese do próprio rock progressivo, pois não contou com o solo de guitarra, outrora brilhantemente realizado por seu eterno desafeto na versão original. No entanto, o show foi encorpando ao longo da sequência de músicas, efeitos e experiências centrados nos discos “The Wall”, “The Dark Side of the Moon” e “Wish You Were Here”, com toques de músicas de “The Final Cut” e da carreira solo que compunham uma história, sendo o ápice alcançado quase que ao seu final, com a projeção da luz a partir do icônico prisma realizada para o público em lasers coloridos. Como dizem no jargão popular, se “a voz do povo é a voz de Deus”, os fãs floydianos haviam predito com horas de antecedência, ao comparecerem, em sua ampla maioria, com camisetas referentes ao icônico disco que demostra a dispersão policromática da luz. A projetação do prisma era um retorno ao público que ansiava por um final apoteótico!

A lista de músicas estava muito bem concatenada, com uma mescla da análise histórica realizada juntamente com os desenvolvimentos dos temas caros a Waters. Suas músicas pós-Pink Floyd claramente não tinham a mesma pujança do grupo com o qual ascendeu ao estrelado mundial, demonstrando que um músico é grande, mas o grupo era fenomenal.

Sua deliberada reverência a Syd Barrett na música “Wish You Were Here”, seguida de “Shine On You Crazy Diamond”, fez completa homenagem àquele que galgou os primeiros passos da insipiente banda em seu delírio psicodélico a um grupo com relevância internacional. No entanto, a brilhante carreira do letrista, vocalista e guitarrista se apagou como um tóxico cogumelo atômico que usurpou até o último riso do “Madcap”, engolido pela ganância em “Money”.

Essa turnê de despedida está dentro do roteiro escrito por uma obra do rock progressivo. Com pujança, sonoridade e efeitos especiais de quem é obstinado pela qualidade (aos que não se recordam, há várias gravações de espetáculos floydianos na “web”). Quem espera um show com banquinho e violão (“caetaneado” com tudo o que há de bom) de certo não tem noção do que é ser progressivo na veia (Waters recebeu diretamente nela na representação realizada, mesmo que usando camisa de força). Seria algo como ir a uma roda de samba raiz (a qual é algo salutar para a alma) à espera de encontrar seus partícipes trajando terno e gravata italianos e sapatos cromados alemães. A quem espera economia nos apetrechos visuais no rock, pode-se dar uma resposta simples, direta (e muito boa!): assista em casa a um show de punk rock como era o dos Ramones (o que, infelizmente, não tive o prazer de presenciar).

Não seria uma despedida (“Farewell Tour”) de um ícone floydiano algo menor do que foi a partida do camaleônico David Bowie. Ao contrário, esse verdadeiro espetáculo (em todos nos sentidos) fez jus a um dos fundadores de um dos principais grupos que escreveu a história e atingiu o píncaro do rock progressivo.

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